10 dezembro, 2006
Clarice e Cássia
"Escrever é procurar entender,
é procurar reproduzir o irreproduzível,
é sentir até o último fim o sentimento
que permaneceria apenas vago e sufocador.
Escrever é também abençoar uma vida
que não foi abençoada."
Clarice Lispector
Clarice Lispector nasceu em 10 de dezembro de 1920, em Tchetchelnik, na Ucrânia, com o nome de Haia Lispector, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. Seu nascimento ocorre durante a viagem de emigração da família em direção à América. Em 1922 chegam em Maceió, Brasil. Passam por Recife e em 1934 chegam ao Rio de Janeiro.
"Antes dos sete anos eu já fabulava e já inventava histórias. Por exemplo, inventei uma história que não acabava nunca, é muito complicado explicar esta história. Quando eu comecei a ler e a escrever, eu comecei a escrever também pequenas histórias."
"Eu misturei tudo, eu lia livro, romance para mocinha, livro cor de rosa, misturado com Dostoievski, eu escolhia os livros pelos títulos e não por autores, porque eu não tinha conhecimento...fui ler aos 13 anos Herman Hesse, tomei um choque: O Lobo da Estepe. Aí comecei a escrever um conto que não acabava nunca mais. Terminei rasgando e jogando fora."
Apartir dos 20 anos começa a escrever contos para duas revistas. Com 22, já lia muito Drummond, Cecília Meireles, Fernando Pessoa e Manuel Bandeira. Realiza cursos de antropologia brasileira e psicologia, na Casa do Estudante do Brasil. Nesse ano, escreve seu primeiro romance, "Perto do coração selvagem".
"Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo".
Em 1943 casa-se com o colega de faculdade Maury Gurgel Valente e termina o curso de Direito. Seu marido, por concurso, ingressa na carreira diplomática o que faz eles morarem em outros lugares tanto dentro do Brasil quanto fora. Com Maury ela teve dois filhos.
Pintura de Clarice
"O que me descontrai, por incrível que pareça, é pintar. Sem ser pintora de forma alguma, e sem aprender nenhuma técnica. Pinto tão mal que dá gosto e não mostro meus, entre aspas, quadros, a ninguém. É relaxante e ao mesmo tempo excitante mexer com cores e formas sem compromisso com coisa alguma. É a coisa mais pura que faço (...) Acho que o processo criador de um pintor e do escritor são da mesma fonte. O texto deve se exprimir através de imagens e as imagens são feitas de luz, cores, figuras, perspectivas, volumes, sensações."
Mais sobre Clarice e suas obras.
Clarice morre, no Rio, no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes do seu 57° aniversário vitimada por uma súbita obstrução intestinal, de origem desconhecida que, depois, veio-se a saber, ter sido motivada por um adenocarcinoma de ovário irreversível. Um livro dela que me marcou foi "A Hora da Estrela", que depois foi transformado em filme.
*Este poste faz parte da blogagem coletiva convocada pelo Lino Resende.
Também no dia de hoje, só que 1962, nasceu no Rio de Janeiro a cantora Cássia Eller. Morava em Brasília quando começou a tocar violão aos 18 anos. Chegou a cantar opera e frevo e a tocar surdo em grupo de samba. Quando voltou ao Rio de Janeiro em 1990, foi contratada no mesmo ano pela Polygram. Seu primeiro disco Cássia Eller já mostrou que tinha vindo para ficar, incluiu regravações de "Rubens" (Premeditando o Breque), "Já deu pra sentir" (Itamar Assumpção), "Por Enquanto" (Legião Urbana) e um arranjo reggae para "Eleanor Rigby"(Beatles). Autêntica passeou por vários estilos e sempre com sucesso. Impôs-se por seu estilo enérgico de interpretação, principalmente em razão de seu timbre vocal de contralto -uma das mais marcantes vozes da nova MPB.
O seu CD/DVD acústico produzido pela MTV, para mim é o melhor que a emissora produziu. Ouço de cabo a rabo sem medo de ser feliz. Outra coincidência com Clarice, Cássia nasceu em dezembro e morreu no mesmo mês, no dia 29 de dezembro de 2001, aos 39 anos de idade. Deixou um filho,o Chicão. Ela faz falta! Uma vez fazendo um lanche no McDonalds, no Barrashopping, no Rio de Janeiro a encontrei. seu jeitão masculino chamava a atenção, parecia um rapazinho, mas deu para notar o quanto era tímida. Como Cazuza e Renato Russo, Cássia foi muito cedo! Mais Cássia. Hoje, tem um especial da Cássia no Multishow, a apresentação dela no último Rock in Rio, apartir das 22h.
Cássia cantando com Edson Cordeiro. Isso é Fantástico!!!
Esse clipe foi feito depois que Cássia morreu. Aparecem imagens da cantora em casa com o filho Chicão e de sua companheira Maria Eugênia, com quem vivia há muito tempo. Como o pai do Chicão morreu uma semana antes dele nascer, Maria Eugênia ficou com a guarda dele depois da morte da Cássia.
*Bom domingo a todos!