19 janeiro, 2007
25 anos sem ELIS REGINA!
"Sua voz será de todas as canções,
sua alma de todos os corações".
Gilberto Gil
Quando pensei numa blogagem coletiva para homenagear a gaúcha Elis Regina, a Pimentinha como era chamada por seu temperamento explosivo e por dizer tudo o que lhe vinha à cabeça, pensei em fazer diferente do que normalmente faço. Para mim ela não morreu, fez a passagem (pessoas comuns é que morrem!). Não vou contar a história dela, isso vocês podem ler aqui, e sim a minha relação de admiração por ela. Se disser que sempre gostei da Elis, é mentira! Até meus dezoito anos gostava/não-gostava dela, não entendia suas interpretações, achava over, santa ignorância a minha!
A mudança começou, quando eu, no primeiro ano do curso de Letras, que abandonei depois para fazer Comunicação Social, tive contato com a letra da música "O Bêbado e a Equilibrista" de João Bosco e Aldir Blanc, que ganhou voz e alma com Elis Regina. Tínhamos que fazer uma interpretação da letra. Na época, ainda vivíamos numa ditadura militar e a censura perseguia muitos artistas. Mas Elis não se intimidou e cantou que muitas pessoas tiveram que ir embora do país, como o irmão do Henfil, o Betinho? Quem? Isso mesmo, naquela época eu nem sabia quem era o sociólogo Betinho. Foi através do canto da Elis que comecei a enxergar a história do Brasil que estava embaixo do tapete. Ela criticou abertamente o regime militar já na fase pós-AI-5, quando se estabeleceu a linha-dura do comando do Exército brasileiro. Fiquei encantada com ela e comecei a ouvir suas canções prestando mais atenção nas letras. O Bêbado e a Equilibrista se tranformou no hino da anistia e coroou a chegada de vários brasileiros importantes que estavam exilados no exterior e que voltaram partir de 1979.
Em 22 de julho de 1981, Elis estréia o show Trem azul em São Paulo. Apesar dos arranjos serem de César Camargo Mariano(seu segundo marido), ele não participa do show, eles estão separados depois de nove anos juntos e dois filhos(Pedro e Maria Rita). Em 19 de setembro ela se apresenta com esse show em Porto Alegre. Infelizmente não pude ir, mas depois consegui ouvir no rádio(não lembro qual) todo show. Foi ali que ela me conquistou definitivamente, virei sua fã.
Pulamos para o dia 19 de janeiro de 1982. Eu estava na escola Leopoldo Fróes(nessa época eu ainda não era Fróes), em Pendotiba, Niterói, participando do Projeto Rondon. Éramos 12 universitários de várias áreas da Universidade Federal de Santa Maria, trabalhando na escola no período das férias. Não tínhamos tv só rádio e foi por intermédio dele que soubemos da morte da Pimentinha. Nem deu para fazer nada, porque as atividades com os alunos ocupavam o dia inteiro. Só fui saber da repercusão da sua morte depois que voltei para casa em fevereiro.
A classe artística sentiu sua morte. Elis era exigente porque buscava a perfeição e por isso tinha o respeito de todos! Ela lançou quase 30 discos em sua carreira e fez sucesso não só pela seu talento e técnica, mas também pelo seu faro para descobrir compositores e intérpretes que se tornariam importantes na música brasileira,entre eles Milton Nascimento, João Bosco, Ivan Lins, Renato Teixeira e Belchior. Para Milton, Elis sempre foi a musa inspiradora, ele disse que compunha especialmente para ela. Ela foi cedo "num rabo de foguete" com apenas 36 anos, uma parada cardíaca provocada por uma mistura de bebida alcoólica com comprimidos e cocaína, deixava o Brasil sem uma de suas maiores cantoras. Suas interpretações são inesquecíveis. ELIS é única!
Participam dessa blogagem: Claudinha, David, Sônia, Paloma, Renata, Marcos, Lucy&Sandra, Jéssica, Adão, Roby, Meire, Diana, Naldy, Saramar, Patty, Flávio, Lino, José Alberto, Nilza, Bruna, André, Marco, Luísa, Cejunior, Júlio Cesar, Enoisa, Cris, Lila, Fernando, Pedro, Francy, Sérgio,
*Boa sexta a todos!