03 julho, 2005
Uma vez corrupto...sempre corrupto
Saiu na revista "Isto É", desse final de semana uma entrevista com o psicoterapeuta João Augusto Figueiró (foto), na qual ela afirma que quem comete atos de corrupção tem um transtorno sem cura. Estamos perdidos!!!
Como a entrevista é meio longa ( feita por Cilene Pereira e Mônica Tarantino), vou colocar o que achei mais interessantes aqui.
ISTOÉ – O corrupto sofre de alguma doença mental?
João Augusto Figueiró – A corrupção é uma doença social. Então, ele é um sociopata. Na psiquiatria, esse tipo de comportamento está dentro do que chamamos de transtorno da personalidade. O indivÃduo não é normal porque tem uma personalidade doentia. Uma pessoa sadia, do ponto de vista da personalidade, não mata, estupra ou agride e não pratica atos ilÃcitos como a corrupção.
ISTOÉ – Quais transtornos de personalidade o corrupto manifesta?
Figueiró – Os mais diretamente envolvidos são o anti-social, o
narcÃsico e o borderline.
ISTOÉ – O que é o anti-social?
Figueiró – Há um padrão de violação dos direitos dos outros, ocorrendo desde
os 15 anos. Ele não segue a lei. Mente, usa desculpas e engana para o seu benefÃcio pessoal ou prazer. É impulsivo, agressivo, não se preocupa com o
bem-estar alheio, é indiferente ao sofrimento dos outros e não tem remorso.
ISTOÉ – E o borderline?
Figueiró – É o sujeito que está no limite entre o normal e o patológico. Apresenta relações instáveis de amor e ódio. Hoje está com você, mas pode imediatamente
se virar contra você.
ISTOÉ – Como o transtorno narcÃsico se mostra no corrupto?
Figueiró – Ele se sente grandioso, com funções muito importantes. Vamos pensar, por exemplo, no ex-presidente Fernando Collor de Mello, associado a denúncias de corrupção: “Vou moralizar esse paÃsâ€�, ele costumava dizer. O indivÃduo requer atenção excessiva e está sempre tirando vantagem em tudo. É arrogante e invejoso. Ou acredita que os outros o invejam.
ISTOÉ – Qual a origem desses transtornos?
Figueiró – Depende. No transtorno anti-social existem questões genéticas envolvidas. Outros, como o narcÃsico, estão mais ligados à s vivências do indivÃduo. Se desde pequeno o corrupto em formação cair em um ambiente rÃgido, disciplinador, essa conduta terá uma probabilidade muito menor de se expressar. Mas existem famÃlias nas quais os bons hábitos são desencorajados.
ISTOÉ – Por esse raciocÃnio, em uma famÃlia na qual há corruptos é provável que ocorra uma geração de pessoas influenciadas por esse comportamento?
Figueiró – Exatamente. Outro aspecto que colabora para isso é a cultura. Uma cultura como a nossa facilita a expressão de disposições morais ou genéticas de agir erradamente. No Brasil existem uma tolerância e uma falta de punição, de interdição, à ação transgressora.
ISTOÉ – O corrupto tem cura?
Figueiró – Os transtornos de personalidade são intratáveis, incuráveis e irreversÃveis.
ISTOÉ – Na menor brecha, o comportamento volta?
Figueiró – Sim. Se o corrupto continuar no poder, a chance de repetir seus atos é total.
ISTOÉ – Não existe possibilidade de haver um corrupto arrependido?
Figueiró – Na verdade, há uma, quando tem perdas. Se você perguntar ao Collor se faria tudo do mesmo jeito, pode ser que diga que não porque perdeu o cargo. Mas essa resposta é algo absolutamente auto-referente, não por consideração ao outro.
Não sei o que faço se dou uma gargalhada ou se choro.